29 junho 2007

Desencannes

A coluna de quarta passada, na Casa do Galo:


Essas duas últimas semanas ferveram com notícias (e colunas) sobre o Cannes Lion’s ou Festival de Cannes, aqui em terras tupiniquins. O Brasil é sempre bem representado, desde a época que um tal de Washinton Olivetto (também conhecido como Golden Boy, na época) surgiu para a propaganda, como Pelé surgiu para o futebol.

Todos os anos, nossos talentosos publicitários abocanham vários prêmios em diversas categorias, que não vou detalhar aqui por que desconheço a maioria. Vocês devem estar se perguntando: o cara trabalha com isso, adora a criação, e não sabe quais são as categorias premiadas em Cannes? Pois é, não sei e dou a mínima para esse evento. Posso parecer arrogante, mas sinceramente, não enxergo qual a contribuição dessa premiação (a maior, dentre tantas outras) para o mercado publicitário brasileiro. Talvez seja a valorização do profissional, mas são poucos os que nos representam por lá. E será que são os melhores mesmo?

Temos autoridades da propaganda mundial julgando a propaganda mundial. Ótimo. Sabemos que o julgamento é de qualidade (até que se prove o contrário). Reúnem-se no mesmo local, diversas agências e profissionais do mundo inteiro para uma semana de muita festa. Os grandes executivos aproveitam para estreitar relações e fechar novos negócios. Outros aproveitam para cair na esbórnia mesmo. Além, é claro, de movimentar-se muito dinheiro.

Para o festival, muitas das peças que concorrem são fantasmas, como falou o Alessandro Ribeiro essa semana aqui na Casa do Galo. Eu questiono muito isso. Para que inscrever essas peças? Para afagar o ego inflado do criativo? A propaganda não ajudou ninguém a melhorar a sua imagem, a vender mais ou mesmo transmitir seus valores. Talvez somente a do publicitário. E que tempo se perde fazendo isso. As pessoas que trabalham nessa área reclamam tanto do tempo curto que têm para aproveitar a sua vida, pois trabalham muito. Será que deixando de criar peças para festivais, não poderiam curtir a vida só um pouquinho mais? Não sei dizer. Alguns gostam de morar nas agências mesmo.

O Nizan Guanaes (sempre ele!) falou** essa semana que sua agência, a África, não participa mais de festivais nem inscreve suas peças em Cannes, pois não é o propósito da agência, que é trazer o melhor resultado para os seus clientes. Certo ele! Volto a lembrar o movimento Propaganda com Guaraná, que lancei há algumas colunas atrás. Se os homens (e as mulheres) de frente da criação deixarem de se preocupar com as premiações e passarem a focar mais no resultado, teremos muito mais qualidade na propaganda.

Um abraço e até a semana que vem.

*Com a licença poética do site homônimo.

** Me desculpem, mas não consegui localizar a notícia. Recebi através da newsletter do Meio&Mensagem e acabei apagando antes da hora.

Essa semana

Já se comentou, discutiu, brigou dentre outras coisas, sobre uma notícia publicada essa semana, de que um jogador de algum clube de São Paulo iria assumir sua homossexualidade ao vivo no Fantástico, da Rede Globo. Depois, no programa Debate Bola, da Record, um dirigente do Palmeiras afirmou que esse jogador seria o Richarlyson, do São Paulo Futebol Clube. Não vou me estender, pois não é preciso.

Esse dirigente foi extremamente infeliz e não merece comentários. É um ser pequenho, comete erros como qualquer um, mas é um infeliz. Quem acessa a comunidade de blogs esportivos sabe o quanto se discutiu o assunto. Não ficou provado em instância alguma que esse jogador era o Richarlyson. E se fosse? E dai? O que interessa se alguém é homossexual, hétero, bi e sei lá mais o que? As pessoas nascem umas diferentes das outras. O futebol é um meio predominantemente preconceituoso. Foi assim no começo com jogadores negros e é assim hoje com pessoas diferentes (diferentes, vejam bem, não anormais, como muitos estão tratando o assunto) da maioria.

Muitos comentaram que não eram homofóbicos, que respeitavam, mas não concordavam e exigiam o direito de ser contra. Oras, se isso não é ser homofóbico, o que é então?

Quem quer que seja esse jogador, vai continuar jogando o mesmo futebol que joga, frequentando os mesmo lugares que frequenta e vai continuar amando seus próximos como o faz hoje. O que muda são os outros, que se tornam cada mais pequenos.

Eu já fui homofóbico. Já me senti ofendido por estar em companhia de gays. Mas aprendi uma coisa que serve para qualquer um: por que não gostar de que o seu próximo seja feliz? Todos somos iguais em nossa essência e não escolhemos ser como somos. Só devemos respeitar os caminhos de cada um.

Sejam feliz.

Abraços!

12 junho 2007

Haja cera

Como tem ator no futebol...




p.s.

As duas últimas são as melhores.

06 junho 2007

Adoro Propaganda com Guaraná

A coluna de hoje, na Casa do Galo:

“Eu não vejo a hora, De te cortar

Te ver mais uma vez, Te saborear

Meia mussarela, meia aliche ou calabresa

Romana, quatro-queijos, marguerita e portuguesa…

Como é bom te ver, você chegou na hora H,

Adoro pizza com Guaraná”

Vai me dizer se não dá vontade de comer pizza e beber guaraná só de ouvir essa música? E assistir então? Esse jinglezinho chiclete, gostoso de ouvir, já foi responsável por um aumento enorme nas vendas das famosas “pizzas de bairro” aqui em São Paulo. O engraçado também é que mal lembramos do slogan que usaram na época, “este é o sabor”. Eu lembro como Pizza com Guaraná. E há também o seu comercial irmão, o da pipoca, mais famoso até que o da pizza.

Vocês devem estar pensando, bom, lá vem um texto sobre jingles e musiquinhas famosas. Nada disso. Venho aqui fazer um protesto. Melhor, quero iniciar um movimento. E o movimento vai se chamar Propaganda com Guaraná. Pode ser o guaraná que você quiser, até o pó de guaraná. O que importa é a essência: trazer de volta o romantismo da propaganda. E nada melhor que um guaraná pra ajudar a adoçar tudo isso.

Não sei se com o tempo vamos ficando nostálgicos demais (minha mãe é bastante), mas tenho a impressão de que não há mais esse amor e essa doçura na propaganda de hoje, como no jingle do Guaraná. Não tenho uma vontade enorme de tomar uma cerveja Brahma ou comprar um fogão nas Casas Bahia. Falta um pouco de inocência em tudo isso. Será por causa do cliente? Ou quem sabe do seu diretor? Ou até mesmo por falta de vontade e saturação natural da profissão. Mas o que vejo por ai, com raríssimas exceções, não me agrada mesmo. É claro que o publicitário que compôs os jingles (foi o Nizan Guanaes, não sei se na época da DM9 ou da W/Brasil) não foi tão inocente assim, afinal, queria vender guaraná. Só que encontrou uma maneira inocente e genial de fazer isso. Que belo vendedor é esse Nizan.

Faça o seguinte. Cutuque ai o seu amigo redator que fica acessando o You Tube boa parte do dia e peça para ele aproveitar para se inspirar mais um pouquinho. O site não serve só pra ver os malabarismos do Ronaldinho Gaúcho e a Cicarelli salgando a busanfa no mar. Pelo contrário, tem ótimos exemplos de anúncios como o do começo do texto. Colabore com o movimento amigo criativo. Assim, quem sabe os seus filhos ou mesmo seus amigos possam ter esse saborzinho doce novamente na propaganda.

Um feriado com muita pizza e guaraná para vocês!

p.s.

Quero agradecer a minha amiga Joana Mattos por ter enviado um e-mail com esses vídeos que me inspiraram. Valeu Tchutchu!